Sessões de aprimoramento de ensino e pesquisa

Um dos pilares que sustentam as atividades do ORBIS SCIENTIA consiste no ENSINO integrado à PESQUISA. Nas Sessões de Aprimoramento do ORBIS, pesquisadores e convidados conduzem sessões expositivas sobre pesquisas realizadas no campo de tomada de decisão, julgamento e escolha. O estudo conduzido na sessão é apresentado no formato de resumo expandido do trabalho original, que é sempre referenciado.

ORBIS convida para reunião aberta!

(Sessão será conduzida pela LANP-UFV, 14/01/21 as 10hrs).

Dessa vez o encontro será uma espécie de intercâmbio de conhecimento com outro grupo de pesquisa, a Liga Acadêmica Newton Paulo Bueno (LANP), formada por estudantes de diversos cursos da UFV.


A LANP-UFV é voltada para o estudo de ciências comportamentais, sendo que, por meio dos pilares de Ensino, Pesquisa e Extensão, buscam oferecer aos membros uma qualificação extra sobre temas relacionados como comportamento humano aplicado em políticas públicas, finanças, marketing e demais áreas do conhecimento.


Vem com a gente!


Link da sala:

https://meet.google.com/qar-eazf-rss

As diferenças entre as idades adultas nas decisões monetárias com recompensas reais e hipotéticas

(Sessão conduzida por Carlos De Blasi,2021).

Os estudos sobre as decisões financeiras tomadas por adultos de diferentes idades são ainda pouco esclarecedores, principalmente por termos poucos estudos com valores reias e importantes. Nesse sentido, o presente artigo apresenta amostras experimentais sobre as tomadas de decisões monetárias de dois grupos de adultos de diferentes idades e sugere que: Adultos mais jovens e mais velhos não diferem nos ganhos alcançados e na maximização do valor esperado; e que os dois grupos têm preferência por opções mais seguras quando se trata de recompensas maiores.

Foram pesquisados dois grupos distintos de adultos. O grupo de adultos jovens (de 20 a 29 anos) com 29 pessoas entre homens e mulheres e o grupo de adultos velhos (61 a 82 anos) com 36 pessoas entre homens e mulheres, totalizando 65 pessoas. Cada participante recebeu 04 questionários (valor hipotético, valor real, valor baixo e valor alto), um por vez, contendo 10 questões cada um, onde apresentavam duas opções obrigatórias a eleger: A ou B. Essas opções eram problemas de loterias que os participantes tinham que escolher. Posteriormente à escolha, os participantes jogavam os dados para saber o resultado final de sua escolha. No caso real, já ficavam com o dinheiro optado e sorteado. Exemplo das opções: Valor alto: Questão 01 Opção A = (40, 10%; 32, 90%) e Opção B = (77, 10%; 2, 90%)...até Questão 10 Opção A = (40, 100%; 32, 0%) e Opção B = (77, 100%; 2, 0%). Os valores monetários são os mesmos em cada opção e o percentual vai se alterando até a décima questão. No valor baixo Questão 01: Opção A = (2, 10%; 1,6, 90%) e Opção B = (3,85, 10%; 0,1, 90%).

Nessa loteria o tomador de decisão que buscava maximizar o valor esperado teria que escolher a opção “A” mais segura nos cenários de 01 a 04 e, em seguida, mudaria para a opção “B” nos cenários de 05 a 10 mesmo que ela fosse mais arriscada a ganhar menos, nos quatros questionários. Os resultados dessa pesquisa confirmaram essa situação em que tanto os adultos mais jovens quantos os mais velhos foram sensíveis ao valor esperado e tendiam a evitar riscos. Não houve diferença nos resultados por idade. Esse resultado vai de encontro com à teoria econômica comportamental e com os achados de pesquisas anteriores: Os apostadores, numa opção de ganhos tendem à serem mais seguros e avessos ao risco.

Foi observado nos resultados também que, em recompensas mais altas, tende-se a busca de apostas mais seguras. No entanto, à medida que a probabilidade vai aumentando, aumenta-se a preferência ao risco. Isso nos dois públicos, adultos jovens e adultos velhos.

Não houve diferenças consideráveis entre os resultados dos casos hipotéticos e reais, o que confirmou a aprovação dos pesquisadores das áreas de economia comportamental quanto às pesquisas sobre a tomada de decisão monetária em cenário hipotético ser validada também numa situação real.

Um fato pouco comum achado na pesquisa refere-se à questão 10. Nela a opção “B” é uma opção de dominância. A opção de dominância é aquela que prevalece sobre a outra. Não há dúvidas que ela é melhor. Nessa pesquisa é composta por: Opção A = (40, 100%; 32, 0%) e Opção B = (77, 100%; 32, 0%), ou seja, a opção “A” oferece um ganho de 100% de U$40,00 e a opção “B” 100% de U$ 77,00. No entanto, em recompensas reais, os pesquisados apostaram na opção “A” em 4,45% dos adultos mais jovens e em 25% dos adultos mais velhos. Essa situação reflete os pressupostos de especialistas comportamentais de que o envelhecimento interfere nas habilidades cognitivas e nas preferências e decisões. Tal situação também está em linha com o questionário que foi aplicado aos pesquisados sobre as variáveis cognitivas: os adultos mais jovens tiveram melhor desempenho nos quesitos velocidade de respostas e nas questões que envolvem números.

É importante destacar que o tipo de recompensa pode afetar consideravelmente as preferências em função da idade, o que nos remete às enormes possibilidades de novas pesquisas no campo da Economia comportamental.



PESQUISA ORIGINAL:


FREUND, Alexandra. HORN, Sebastian. Adult age differences in monetary decisions with real and hypothetical reward. Journal of Behavioral Decision Making published Ltd. 2021. Disponível em < https://doi.org/10.1002/bdm.2253>. Acesso em: 10/07/2021.

ORBIS convida para reunião aberta!

(Sessão será conduzida por Helena Belintani Shigaki, 10/12/21 as 09hrs).

Dessa vez o encontro será com a Professora e Pesquisadora Helena Belintani do Programa de Pós-graduação (stricto sensu) e Graduação em Administração do Centro Universitário Unihorizontes.


A Helena é doutora em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG - 2020/ Prêmio de Melhor Tese do CEPEAD/UFMG) com período sanduíche na École des Hautes Études Commerciales de Montréal (HEC-Montréal/Canadá) e Tech³Lab; Mestre em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas - 2014); Especialista em Gestão Estratégica de Marketing (PUC Minas - 2012); Especialista (em andamento) em Data Science & Analytics (USP - previsão de conclusão: 2022) e; Graduada em Administração (PUC Minas - 2010). Professora convidada nos Programas de Pós-Graduação (lato Sensu) da FIA/SP, da Fundação Dom Cabral, da PUC Minas e da Faculdades Milton Campos e, de Pós-Graduação (stricto sensu) da UFMG (Neurociências). Atuou como professora no CEFET-MG, na PUC Minas, no Centro Universitário UNA, no UNIBH e no UNILESTE. Membro do 'Núcleo de Pesquisa, Ensino em Marketing e Estratégias de Operações' da UFMG, do Projeto 'Gestão Contemporânea de Marketing' da Fundação Dom Cabral (FDC) e do Núcleo de Pesquisa em Estratégia e Competitividade (NUPEC) do Unihorizontes. Coordenadora do curso de Pós-Graduação (lato sensu) em Marketing Digital no Centro Universitário Unihorizontes. Editora-chefe na Revista Horizontes Interdisciplinares da Gestão (ISSN: 2594-7788). Co-fundadora e coordenadora (2016-2018) do Grupo NeuroFaces (Neurociências e suas interfaces) na UFMG e co-fundadora e coordenadora (2020-2021) do Projeto de Extensão QuarenTese, no Unihorizontes. Líder de tema da Divisão de Marketing do EnAnpad (2020 e 2021) e do EMA (2021). Tem experiência em ensino e pesquisa nos temas: gestão contemporânea de marketing, inovação e empreendedorismo, planejamento estratégico, neuromarketing, comportamento do consumidor, customer centricity, teoria de marketing, marketing digital, pesquisa e análise de mercado, transformative consumer research, entre outros temas.


Vem com a gente!


Link da sala:

https://conferenciaweb.rnp.br/webconf/uajara-pessoa-araujo

O poder das alternativas perdidas em negociações

(Sessão conduzida por Rodolfo Carvalho Leite ,2021).

As negociações permeiam muitos aspectos da vida empresarial e constituem pontos de decisão críticos que afetam os resultados futuros. Se um negócio importante é fechado, um trabalho atraente é garantido ou uma rara oportunidade é aproveitada, muitas vezes, depende do resultado de uma negociação. Boas alternativas, e potencialmente estar de posse delas, é algo quase sempre visto como fundamental para uma boa negociação. Entretanto, apenas temos certeza do seu potencial ganho após sua efetivação, não sendo raros os casos em que uma proposta precisa ser retirada de um processo de negociação por quaisquer motivos. De posse de uma boa proposta, qual o efeito (objetivo e subjetivo) de sua perda perante as próximas negociações e os resultados esperados?

Essa é a pergunta que este trabalho se propôs a responder, por meio de 7 experimentos, com 2.538 participantes, em uma gama diversificada de paradigmas de negociação (venda de um carro, compra e venda de uma caneca da Starbucks Coffee e venda de uma indústria farmacêutica). São experimentos que contam com cenários, negociações pré-escritas, interações reais de pessoa para pessoa e negociações online onde se analisa ora pelo olhar de comprador, ora pelo olhar de vendedor.

Todos os experimentos apresentam ao menos dois grupos, sempre com o intuito de distinguir diferenças nos resultados obtidos entre o grupo que passou pela experiência de uma oferta perdida momentos antes de uma negociação e outro grupo com aqueles que nunca tiveram tal oportunidade. Os parâmetros observados e presentes nas suposições deste estudo para distinguir os resultados objetivamente foram as aspirações, primeiras ofertas e resultados em termos monetários; de forma subjetiva a satisfação captada após fechada as negociações.

À primeira vista, perder uma oferta atraente pode parecer como uma grande perda (analisando pela perspectiva de seu valor). Entretanto, os 5 primeiros experimentos demonstraram que negociadores que perdem uma alternativa atraente definem aspirações e primeiras ofertas mais agressivas, e obtêm melhores resultados. Essas vantagens parecem resultar de negociadores ancorando suas aspirações e primeiras ofertas sobre a alternativa perdida.

De posse desse efeito de ancoragem, como amenizá-lo? É o que se propõe averiguar por meio do 6° experimento (estudo 5) - identificar se tais fatores mais agressivos (aspirações, primeiras ofertas e resultados) seriam amenizados através de argumentos contra a proposta perdida. Os resultados encontrados foram favoráveis e confirmaram o poder que argumentos contrários possuem sobre o efeito da ancoragem daquela oferta perdida.

Negociadores que perdem uma oferta atraente obtêm melhor resultado na mesa de negociação. No entanto, eles também se sentem melhor considerando esses resultados objetivamente superiores? O último experimento, ao captar o nível de satisfação dos negociadores após fechamento dos negócios, conclui que ao mesmo tempo que a alternativa atraente é usada como ponto de referência para negociação, ela também é usada para avaliar o resultado - os negociadores que perderam uma alternativa atraente ficam menos satisfeitos, apesar do melhor resultado obtido.

Os resultados mostraram que é preciso examinar não só o que acontece se uma alternativa se torna disponível, conforme vasta teoria no campo das negociações, mas também o que acontece se ela for perdida.


PESQUISA ORIGINAL:


BRADY, Garrett L.; INESI, M. Ena; MUSSWEILER, Thomas. The power of lost alternatives in negotiations. Organizational Behavior and Human Decision Processes, v. 162, p. 59-80, 2021.


TVERSKY, Amos; KAHNEMAN, Daniel. Judgment under uncertainty: Heuristics and biases. Science, v. 185, n. 4157, p. 1124-1131, 1974.

Como as empresas podem ser mais inovadoras e tomar decisões disruptivas?

Como as empresas podem ser mais inovadoras e tomar decisões disruptivas? O artigo estudado foi em busca dessas respostas e, por meio de uma pesquisa de método sequencial misto, identificou padrões e tendências entre as respostas de mais de 390 gerentes de empresas de finanças, telecomunicações e TI. Primeiro listou-se o que eram as atividades inovadoras performadas por treze gerentes e depois, aplicou-se um questionário seguindo a Escala Likert para identificar o que impacta na inovação das empresas. Nesse questionário, foram verificadas a validade e confiabilidade das informações fornecidas, tomando como base as respostas de trezentos e noventa gestores.

Para compor o estudo, foram selecionadas empresas de grande porte, todas são referência em sua área de atuação e premiadas no setor. Para que fizessem parte do estudo, essas empresas devem ter introduzido em suas atividades ações de inovação disruptiva e/ou tiveram dificuldades no processo.

Para coletar as respostas, foram conduzidas entrevistas semi-estruturadas. Essas entrevistas eram flexíveis, inteligíveis e tinham como objetivo identificar facetas do comportamento humano e organizacional. Para alcançar mais respondentes, foi utilizada a metodologia da “bola de neve”: uma técnica de amostragem não probabilística na qual um respondente indicava outras pessoas para participar da pesquisa. Os entrevistados tinham que responder com base em suas experiências prévias e na realidade que encontraram na empresa, no momento de implementação (ou tentativa) de atividade de inovação.

Como resultado da pesquisa, foi identificado que o comportamento, mais do que a tecnologia, favorece a inovação disruptiva nas empresas e que para que se forme uma cultura de inovação, é essencial que os gestores de cargos mais baixos também tenham atitudes disruptivas. Manter um canal de diálogo aberto para que os funcionários deem ideias e compartilhem suas expectativas também foi comprovado como uma forma de favorecer a inovação nesses ambientes.

O estudo destaca a importância dos gestores no favorecimento da cultura de inovação nas empresas inova ao trazer fundamentos empíricos para compreender esse fenômeno na perspectiva gerencial.


PESQUISA ORIGINAL:


SADIQ, Fawad; HUSSAIN, Tasweer; NASEEM, Afshan. Managers' disruptive innovation activities: the construct, measurement and validity. Management Decision, 2020.

Quais as consequências da conversa fiada no trabalho?

(Sessão conduzida por Luciana Avelar ,2021).

Como sabemos, a conversa fiada ocorre nos mais diversos ambientes sociais, inclusive no trabalho. No artigo publicado por Yip, Schweitzer e Nurmohamed, foram desenvolvidos uma série de experimentos que demostraram como a conversa fiada, uma atitude incívica, fomenta rapidamente a rivalidade, mesmo na ausência de relacionamentos mais longos, bem como é determinante para o desempenho dos indivíduos, podendo também gerar um comportamento antiético por parte da pessoa que é alvo (vítima).

O primeiro passo dos pesquisadores foi verificar se a conversa fiada realmente era um problema enfrentado em local de trabalho. Para tanto, 143 funcionários de uma determinada empresa responderam a um questionário e o resultado obtido foi: 61% lembram de algum incidente ocorrido nos últimos três meses; 57% afirmam que conversa fiada ocorre mensalmente ou com frequência inferior a um mês; 45% afirmam que fácil lembrar de algum episódio de conversa fiada. Com tais resultados, chegaram à proposição de que conversa fiada é um comportamento comum no local de trabalho que pode fomentar a rivalidade e motivar comportamentos construtivos e destrutivos.

As hipóteses levantadas foram:

  • H1 - Em comparação com os concorrentes que recebem mensagens neutras, os concorrentes que recebem mensagens de conversa fiada são mais propensos a ver seus oponentes como rivais.

  • H2 - Em comparação com os concorrentes que recebem mensagens neutras, concorrentes que recebem mensagens de conversa fiada aumentam seu desempenho baseado no esforço.

  • H3 - Percepções de rivalidade mediam o relacionamento entre conversa fiada e desempenho.

  • H4 - Em comparação com os concorrentes que recebem mensagens neutras, alvos de conversa fiada exibem uma preferência mais forte por ver seu concorrente perder.

  • H5 - Em situações competitivas, alvos de conversa fiada possuem melhor desempenho em tarefas baseadas no esforço do que alvos de mensagens neutras. Em situações de cooperação, alvos de incivilidade atuam pior em tarefas baseadas no esforço do que alvos de mensagens neutras.

  • H6 - Em comparação com os concorrentes que recebem mensagens neutras, os alvos de conversa fiada são mais propensos a se envolver em comportamento antiético.

Dadas as hipóteses, os pesquisadores realizaram um estudo piloto, com 157 participantes recrutados pelo Amazon Mechanical Turk, para verificar as percepções leigas de como a conversa fiada pode ou não motivar os seus alvos. Como resultado chegou-se à conclusão que, pelo senso comum, as conversas fiadas distraem o oponente, mas não o motiva.

Tendo essa informação preliminar do senso comum e buscando verificar as hipóteses formuladas, foram realizados seis experimentos de laboratório. Com pequenas variações de acordo com o que se queria verificar, os experimentos consistiam em submeter os participantes a situações em que eles supostamente competiriam entre si. Os participantes eram divididos em um grupo que recebia uma mensagem neutra e em outro que recebia uma mensagem de conversa fiada. Após serem expostos a essa mensagem, eles realizavam a tarefa proposta e logo em seguida avaliavam, em uma escala de 1 a 7, o quão agressiva/arrogante era a mensagem recebida antes da tarefa.

Como resultados, contrariando o senso comum apontado pelo estudo piloto, têm-se:

  • Experimentos 1 e 2: Os alvos da conversa fiada são mais propensos a ver seu concorrente como um rival (Confirmando H1) e, como resultado, eles têm melhor desempenho quando competem em uma tarefa baseada no esforço (Confirmando H2).

  • Experimento 3: os alvos de conversa fiada são particularmente motivados a punir seus oponentes e vê-los perder. (Confirmando H4).

  • Experimento 4: a conversa fiada aumenta esforço nas interações competitivas, mas a incivilidade diminui o esforço nas interações cooperativas. (Confirmando H5).

  • Experimento 5: os alvos de conversa fiada eram mais propensos a trapacear em uma competição do que os participantes quem receberam mensagens neutras. (Confirmando H6).

  • Experimento 6: conversa fiada prejudica o desempenho quando a tarefa desempenhada envolve criatividade.

Para verificar as especificidades de cada experimento, sugere-se a leitura completa do artigo. Vale ressaltar que o estudo é adapto do "open data", ou seja, todos os dados coletados estão disponíveis gratuitamente para (re)análise em https://osf.io/duphw/ .


PESQUISA ORIGINAL:


YIP, Jeremy A.; SCHWEITZER, Maurice E.; NURMOHAMED, Samir. Trash-talking: Competitive incivility motivates rivalry, performance, and unethical behavior. Organizational Behavior and Human Decision Processes, v. 144, p. 125-144, 2018. DOI: 10.1016/j.obhdp.2017.06.002

Vamos (não) ficar juntos! Distanciamento Social -COVID-19

(Sessão conduzida por por Viviane Pereira ,2021).

Em dezembro de 2019 iniciou-se a pandemia de Covid-19 e nada se sabia sobre a doença. Até agora o que foi comprovado como medida preventiva eficaz contra o COVID-19 é o isolamento social. Porém, muitos indivíduos ignoram esta regra. Este artigo fornece evidências experimentais sobre uma medida potencialmente importante no cumprimento do distanciamento social: as normas sociais.

Foram entrevistadas 23.000 pessoas no México para prever como uma pessoa fictícia se comportaria quando confrontado com a escolha de comparecer ou não à festa de aniversário de um amigo. A cada entrevistado foi atribuído aleatoriamente uma das quatro condições de normas sociais. Esperar que outras pessoas comparecessem ao encontro e/ ou acreditar que outras pessoas aprovariam participar do encontro aumentaram a probabilidade prevista de que o personagem fictício comparecesse ao encontro em 25%, em comparação com um cenário onde outras pessoas não deveriam comparecer nem aprovar o comparecimento. Os resultados falam sobre os efeitos potenciais das campanhas de comunicação e cobertura da mídia sobre o cumprimento e as visões normativas sobre as medidas preventivas do COVID-19. Eles também sugerem que as políticas destinadas a modificar as normas sociais ou tornar as existentes salientes podem impactar no cumprimento do distanciamento social.

As normas sociais podem ser extremamente relevantes para explicar e afetar os comportamentos durante a pandemia atual. Pesquisadores descobriram que as percepções de um indivíduo sobre quantos outros obedecem ao distanciamento social se correlacionam com a propensão do indivíduo para se distanciar socialmente, e os efeitos das normas sociais podem ser mais forte em indivíduos sem senso de dever. A cobertura de notícias de celebridades ou políticos podem influenciar o comportamento do público. Isso torna mais importante investigar como e por que as normas sociais mudariam a conformidade das pessoas com os comportamentos preventivos, a fim de refinar ainda mais as intervenções futuras e os esforços de comunicação massivos.

O problema não parece ser de informação ou credibilidade, já que evidências de pesquisas mostram que a maioria das pessoas concorda que reuniões sociais devem ser evitadas. No México, onde o estudo foi conduzido 82% dos entrevistados em abril de 2020 aprovaram as diretrizes de saúde em vigor, que incluía restrições a reuniões em massa. Ainda assim, cerca de 43% reconhecem ter visitado amigos e familiares em suas casas na semana anterior.

Há muito se argumenta que o comportamento individual é fortemente influenciado pelo que os outros fazem (normas descritivas) e pelo que os outros aprovam fazer (normas prescritivas ou injutivas). As normas descritivas indicam aqueles casos em que você prefere realizar uma atividade porque acredita que ela atende às suas necessidades (preferência incondicional) ou porque espera que outros o façam (preferência condicional). As normas cautelares indicam aqueles casos em que você prefere se envolver em uma atividade porque acredita que é a coisa certa a fazer (preferência incondicional), ou porque espera que outros se envolvam na atividade e acredita que os outros pensam que você deve fazer assim também (preferência condicional). Neste último caso de preferências condicionais, escolhas e comportamentos dependem tanto das expectativas empíricas (o que você acredita que os outros estão fazendo) quanto das expectativas normativas (o que você acredita que os outros pensam que você deveria fazer).

Em nossa configuração, uma norma social é uma regra que mapeia expectativas empíricas e normativas em comportamentos. Uma norma social é seguida por indivíduos em uma população “na condição de que eles acreditem que (i) a maioria das pessoas em sua rede de referência está em conformidade com ela (expectativa empírica) e (ii) que a maioria das pessoas em sua rede de referência acredita que deve se conformar a ela (expectativa normativa).

Os resultados mostram que a fadiga do bloqueio se instalou e a oposição às medidas de distanciamento social está mais forte do que nunca. Conformidade voluntária, portanto, é de suma importância. Os resultados sugerem que as políticas que utilizam as normas sociais para esse fim podem ser úteis. O estudo mostra que a conformidade prevista com as normais sociais é maior quando o personagem fictício do estudo, i) espera que poucos de seus amigos compareçam e ii) acredita que poucos de seus amigos aprovariam sua participação. Sempre que uma destas condições não se mantém (ou ambas), a frequência prevista no comparecimento a eventos aumenta significativamente. Ou seja, tanto, as altas expectativas empíricas quanto as altas expectativas normativas parecem ser necessárias para aumentar a conformidade com o distanciamento social. Isso sugere que as campanhas de informação baseadas em normas podem ser mais eficazes ao atingir os dois tipos de expectativas. Também sugere que minar a conformidade é mais fácil do que sustentá-la, pois reduzir as expectativas empíricas ou normativas é suficiente, neste estudo, para desencorajar o distanciamento social.


PESQUISA ORIGINAL:


MARTÍNEZ, Déborah et al. Let’s (not) get together! The role of social norms on social distancing during COVID-19. PloS one, v. 16, n. 3, p. e0247454, 2021.

Como as avaliações dos consumidores influenciam nas decisões de compra online ?

(Sessão conduzida por Adriano Brito ,2021).

O artigo apresenta uma investigação como os atributos de produtos, avaliações médias do consumidor e um único fator positivo ou negativo rico em efeitos das avaliações dos consumidores influenciaram as decisões hipotéticas de compra online de adultos mais jovens e mais velhos. De acordo com pesquisas anteriores, foi discutido que os adultos mais jovens usavam dois tipos de informação: eles claramente preferiam produtos com melhores atributos e com maior média de avaliação do consumidor. Se fazer uma escolha foi difícil por envolver trade-offs entre os atributos do produto, a maioria dos adultos mais jovens escolheu o produto com melhor classificação.

Durante os estudos, os participantes foram apresentados a pares de famílias de produtos e tiveram que indicar para cada par, qual das duas opções eles optariam por comprar.

Antes de cada decisão os participantes receberam informações sobre os atributos dos produtos e por que eles poderiam ser importantes ao escolher entre os produtos. Em seguida, os dois produtos foram apresentados aos participantes e eles tiveram que indicar sua escolha. Depois que a escolha foi feita, os participantes responderam à pesquisa sobre o processo de decisão e depois continuaram com a próxima decisão. No final do estudo, os participantes liam todas as críticas de consumidores utilizadas no estudo e avaliavam sua validade e compreensão em uma escala.

O método utilizado nesse trabalho foi pesquisa descritiva conclusiva, buscou testar as hipóteses após a fundamentação teórica. Foi revisado primeiro a literatura sobre a influência de avaliações e comentários de consumidores sobre decisões de compra online e sobre como os processos de tomada de decisão mudam com a idade. Então foi relatado dois estudos experimentais que investigaram como os adultos mais jovens e mais velhos usam avaliações de consumidores em decisões hipotéticas de compra online. Por fim, foi discutido os resultados dos estudos e as consequências das descobertas para projetar sistemas de comércio eletrônico.

Até a presente pesquisa a maioria realizada focava em adultos jovens, não deixando claro como os adultos mais velhos lidam com os desafios envolvidos nas decisões do consumidor online.

Analisaram a preferência pelo produto com classificação superior, no entanto, pode ser substituída por um único comentário negativo rico em afeto ou crítica positiva. Os adultos mais velhos foram fortemente influenciados por uma única crítica negativa rica em afetos e também levaram em consideração os atributos do produto; no entanto, eles não levaram em consideração as avaliações médias dos consumidores ou análises positivas ricas em detalhes.

Esses resultados sugeriram que os idosos não consideram as informações agregadas do consumidor e críticas positivas com foco em experiências positivas com o produto, mas são facilmente influenciadas por avaliações relatando experiências negativas.

Afirmaram que é importante entender como as pessoas tomam decisões de compra online devido crescente adesão a esse modo de comércio. O propósito da pesquisa também foi contribuir para a compreensão em quão mais velhos os adultos usam três tipos principais de informação: atributos do produto, média avaliações do consumidor e comentários positivos e negativos únicos que contêm uma descrição vívida e rica em detalhes das experiências dos revisores.

Os resultados do estudo mostram não apenas que as avaliações e comentários apresentam diferentes papéis nas decisões de compra, mas também que a importância das críticas e classificações variam. Enquanto os alunos foram fortemente influenciados pelas avaliações médias dos consumidores e críticas positivas ricas em detalhes, os adultos mais velhos na amostra deram pouco importância para esse tipo de informação. Porém, mais jovem e os adultos mais velhos foram fortemente influenciados por comentários negativos ricos em detalhes - mesmo que não representem as análises do produto.

Esses resultados destacam a importância da diferença de idade no comportamento do consumidor, levantando questões sobre a utilidade das avaliações de consumidores para adultos mais velhos, e também como as avaliações dos consumidores devem ser apresentadas. Para garantir o mesmo nível de conforto para ambos os grupos ao tomar decisões sobre compras, pelo menos a interface do usuário deve ser adaptada de acordo (melhor visibilidade de comentários negativos e menos estresse sobre classificações médias para adultos mais velhos).


PESQUISA ORIGINAL:


VON HELVERSEN, Bettina et al. Influence of consumer reviews on online purchasing decisions in older and younger adults. Decision Support Systems, v. 113, p. 1-10, 2018.

Prevendo o absenteísmo dos funcionários para previsões de custos efetivas

(Sessão conduzida por Thais Sena ,2021).

Este artigo apresenta um sistema de apoio à decisão projetado para provedores de serviços de recursos humanos e bem-estar (RH) belgas. Pretendeu-se melhorar a saúde e o bem-estar no trabalho, para identificar grupos de trabalhadores em risco de baixa devido doença, que possam ser alvo de intervenções destinadas a reduzir ou prevenir o absentismo. Vários métodos de machine learning foram aplicados usando dados reais de RH e salários sem preditores relacionados à saúde para obter previsões. O absenteísmo de funcionários é classificado como um problema de classificação binária com assimetria de perdas, e a matriz de custo de classificação do absenteísmo de funcionários por doença foi conceituada.

A análise de dados de recursos humanos é comumente usada para aquisição ou retenção de talentos, em vez de manter e melhorar o bem-estar do funcionário. Até agora, a literatura de previsão de absenteísmo se concentrava principalmente na explicação e associação de vários fatores de risco e absenteísmo de funcionários, ao invés da precisão da ausência do empregado. Na previsão do absenteísmo, a maioria das contribuições vem da saúde ocupacional e da medicina.

Para os autores, o absenteísmo é classificando como a ausência de funcionários por motivo de doença. Definido como não comparecimento ao trabalho devido a problemas de saúde, este é um problema extenso o qual interrompe as operações de pequenas, médias e grandes empresas. Assim, isso apresenta um alto preço à economia.

O estudo mostra que o custo anual do absenteísmo nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi estimado entre 1,2 e 2% do PIB total, o que em termos atuais se traduz entre 0,6 e 1 trilhões de dólares americanos. Outro dado importante do estudo e que impulsionou a pesquisa é o fato de que até 20% da população em idade ativa nos países da OCDE sofre de doenças mentais comuns, como transtornos de ansiedade e depressão.

Programas para a redução do absenteísmo nas empresas também possuem um custo elevado, tanto em termos de custos monetários para sua implementação (que podem nem sempre estar disponíveis devido à limitação de orçamento), quanto em horas gastas para participação. Por isso, a solução mais simples de aplicá-los a todos os funcionários em um local de trabalho pode não ser a mais econômica. Em vez disso, os autores propuseram um sistema de apoio à decisão capaz de identificar os funcionários em risco de ausência por doença, fazendo com que uma pequena fração da força de trabalho total passasse por programas de prevenção à falta.

Para o estudo, os dados analisados continham registros de RH e folha de pagamento de cerca de 280 pequenas, médias e grandes empresas belgas de uma variedade de setores da indústria. Os dados abrangiam o período entre janeiro de 2018 e março de 2019. Na Bélgica, ao longo de todas as ausências por doença de até 30 dias de calendário, os trabalhadores administrativos recebem do empregador prestações por doença equivalentes ao salário integral. Assim que a duração da ausência for superior a um mês de calendário, as prestações passam a ser pagas pela segurança social.

Os autores utilizaram uma variedade de métodos de machine learning existentes para obter previsões em intervalos mensais usando dados reais de RH e folha de pagamento que não contêm preditores relacionados à saúde, sendo eles características demográficas, características do ambiente de trabalho e históricos de ausências. E para a análise desses dados foram utilizados código binário, conjunto de arvores de decisão e uso da linguagem de Python.

Foram utilizados indicadores baseados em custos com interpretações intuitivas para avaliar o desempenho do modelo. Assim, foi demonstrado como resolver este problema quando o custo é desconhecido. O procedimento de avaliação flexível proposto não se limita a um modelo ou campo específico e pode ser usado para resolver outros problemas de análise de recursos humanos durante a implementação.

Os autores concluem que sem o conhecimento da verdadeira causa do afastamento, não é realista tratar igualmente, por exemplo, um empregado com 10 horas de afastamento e um empregado com 100 horas de afastamento. Uma direção interessante poderia ser, em vez disso, considerar o ambiente multidisciplinar e avaliar uma série de intervenções, encontrando a melhor por indivíduo. Também, os autores pontuam que o conceito apresentado trabalha com o pressuposto de que qualquer intervenção considerada visa aumentar o bem estar do funcionário e não utilização do algoritmo para a realização de demissões ou quaisquer intervenções prejudiciais ao empregado.

PESQUISA ORIGINAL:


LAWRANCE, Natalie; PETRIDES, George; GUERRY, Marie-Anne. Predicting employee absenteeism for cost effective interventions. Decision Support Systems, p. 113539, 2021. https://doi.org/10.1016/j.dss.2021.113539

Novos rumos metodológicos em análise de decisão de risco

(Por Ana Luiza Monteiro Bastos Ornellas,2019).

Primeiramente, é importante dizer do espaço de estudo que falo. Como integrante do grupo de pesquisa Estudos Avançados em Processos Decisórios (ORBIS) investigo novos rumos metodológicos na linha de pesquisa em processos decisórios. Nesse sentido, os trabalhos que analiso aplicam metodologias inovadoras, indo além da tradicional entrevista e questionário. Já posso adiantar que as observações aqui presentes buscam corroborar com a importância de se aplicar metodologias menos usuais, com pequenos questionamentos aos textos analisados.

Essa resenha apresenta observações sobre os artigos “Sourcing Decisions under Conditions of Risk and Resilience: A Behavioral Study” de Mena et al. (2019), “Fire alarm or false alarm?! Situation awareness and decision-making ‘bias’ of firefighters in training exercises” de Catherwoode et al.

(2012) “Risk attitudes in medical decisions for others: an experimental approach” de Arrieta et al.,2017), com o intuito de debater as aplicações da análise de risco em três cenários de decisão: contexto de saúde, seleção de fornecimento e chamado de incêndio. Todos esses trabalhos são de periódicos com alto fator de impacto JCR.

Em todos os textos logo no título há um indicativo que os autores irão analisar a tomada de decisão na perspectiva comportamental, uma vez que aparecem as palavras “um estudo do comportamento”, “viés” e “atitudes”. Nesse sentido, não adota a linha normativa que pressupõe um agente perfeitamente racional, mas sim a perspectiva comportamental que busca compreender como o agente realmente se comporta, indo em direção aos estudos em psicologia. (Tauni, Rao, Fang, Mirza & Jebran, 2017).

Antes de aprofundar no conteúdo dos artigos, vale parabenizar os autores por exporem de forma clara como chegaram aos resultados. Os anexos, apêndices e detalhamentos na metodologia foram essenciais para a compreensão dos trabalhos, além de auxiliar a reaplicação dos métodos. Logo, são importantes subsídios para pesquisas futuras, seja para comparação ou extensão para outros contextos.

Adentrando aos artigos, percebi que mesmo sendo do mesmo tema cada um possui um objetivo específico. Mena et al. (2019) investigaram como a comunicação da resiliência da empresa e a exposição anterior à situação de resiliência pelo tomador de decisão influenciam as intenções comportamentais de mudar de fornecedor. Catherwoode et al. (2012) avaliaram os vieses na tomadade decisão dos bombeiros em uma situação de chamado de incêndio e, por fim, Arrieta et al. (2017) examinaram como as atitudes de risco em decisões médicas para outros variam entre contextos de saúde.

O ponto de maior discordância com Mena et al. (2019), é que eles defendem que a decisão de troca de fornecedor é uma decisão sob risco, entretanto, como as probabilidades são desconhecidas, trata-se de uma decisão sob ignorância. No trabalho de Arrieta et al. (2017), o referencial teórico não aparece, o que dificultou bastante o entendimento do que seria o conceito risco no artigo. Reconheço a importância de se focar no método, entretanto, é preciso também esclarecer alguns conceitos fundamentais, até para poder verificar se as variáveis do método, estão alinhados com o tema.

É oportuno defender que os métodos utilizados pelos autores são alternativas interessantes para investigar com as pessoas agem na prática. Ao invés de se perguntar sobre alguma experiência anterior ou qual ponto de vista se adota, pede-se para que o sujeito se coloque dentro de uma situação problema. Mena et al. (2019) desenvolveram um conjunto de vinhetas descritivas em que a situação problema é decidir se troca ou não de fornecedor. Ao todo, foram criadas seis vinhetas que divergem entre alta e baixa resiliência da empresa e entre com experiência negativa, com experiência positiva e sem experiência anterior de situações que postura resiliente é necessária.

Para a confecção das vinhetas realizou-se um pré-design a partir da revisão da literatura. Juntamente, com a vinheta formulou-se perguntas para verificar a compreensão do cenário, a atenção do participante, a sua propensão ao risco e a sua confiança nos resultados. No pós-design validou-se os instrumentos de pesquisa por meio de painel de especialistas e testou a aplicabilidade em três ondas. Como a amostra continha grupos diferentes utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis para verificar se diferentes conjuntos de amostragem afetaram os resultados.

Catherwoode et al. (2012) em seu experimento, mostraram para os participantes uma série de slides do PowerPoint e vídeos que representam uma chamada de incêndio a uma casa, na seguinte sequência: imagens do incidente, do mapa e da vista aérea, vídeo da visão do motorista do caminhão de bombeiros, visão da rua, dois pontos de vista de vizinhos e 22 imagens com uma colagem de pontos de vista apresentada rapidamente.

Posteriormente, os autores solicitaram a ponderação com verdadeiro ou falso de 26 declarações. Utilizou-se o instrumento signal-detection-type tool (QASA) para identificar a polarização que é aplicada na informação disponível e, assim, verificar ou um viés liberal para aceitar a informação como verdadeira ou um viés conservador para rejeitar informações.

Já o experimento de Arrieta et al. (2017) divide-se em três fases. Inicialmente, apresentaram-se escolhas monetárias. Posteriormente, apresentou-se uma série de escolhas de saúde (primeiro com efeitos do tratamento e depois os autores substituiram os efeitos do tratamento pelo valor gasto para ter certo efeito), sendo que primeiro o participante pode ganhar uma recompensa para si e depois para outros, no caso uma fundação. Na terceira etapa a ordem das tarefas da fase 2 foram randomizadas para testar os efeitos de ordem.

Todas as decisões eram binárias, nesse sentido, o participante ao aceitar a probabilidade e o efeit associado, excluía a outra opção fechada que também incluí a probabilidade e o efeito. Os autores também criaram três cenários de saúde: vida em perfeita saúde; doença terminal com moderada saúde e pós-cirurgia com fortes dores, aproximando, assim, com o trabalho de Mena et al. (2019) de criação de cenários. Com o experimento de decisões médicas pode-se testar o efeito do tipo de decisão médica e identificar características de aversão ao risco provocado.

Procurei discutir trabalhos metodologicamente interessantes e de impacto, uma vez que utilizaram métodos menos usuais, além de apresentar detalhadamente como se chegou aos resultados da pesquisa. Nesse sentido, busquei explanar sobre os novos rumos metodológicos em processos decisórios e espero, profundamente, ter ao menos despertado uma curiosidade no leitor em se aplicar

outros instrumentos de pesquisa.


REFERÊNCIAS

ARRIETA, A, GARCÍA-PRADO, A, GONZÁLEZ, P, PINTO-PRADES, JL. Risk attitudes in medical decisions for others: An experimental approach. Health Economics. 2017; 26( S3): 97– 113.

CATHERWOOD, D.; EDGAR, G.; SALLIS, G., MEDLEY, A.; BROOKES, D. "Fire alarm or false alarm?! Situation awareness and decision-making ‘bias’ of firefighters in training exercises", International Journal of Emergency Services, Vol. 1 No. 2, pp. 135-158, 2012.

MENA, C. , MELNYK, S. A., BAGHERSAD, M.; ZOBEL, C. W., Sourcing Decisions under Conditions of Risk and Resilience: A Behavioral Study. Decision Sciences, 2019.

TAUBI, M. Z.; RAO, Z. R.; FANG, H., MIRZA, S. S.; MEMON, Z. A.; JEBRAN, K. Do investor’s Big Five personality traits influence the association between information acquisition and stock trading behavior? China Finance Review International, v. 7 p.450- 477, 2017.

Uma nova ferramenta integrada para a tomada de decisão complexa no setor de energia do Reino Unido

(Sessão conduzida por Crystyane Bernardino ,2019).

Nós que pesquisamos Processos Decisórios sabemos pela teoria da importância da Matriz de Decisão, mas vemos pouco dela na prática. Neste artigo além dessa oportunidade, temos a aplicação para uma situação complexa em um estudo de caso robusto, situado em regiões do Reino Unido.

A estrutura de Matriz de Decisão é incorporada em uma ferramenta integrada chamada OUTDO (Ferramenta da Universidade de Oxford para organização de decisões). O OUTDO integra a Análise de Decisão Multicritério (MCDA), representação e gerenciamento da lógica da decisão e previsão probabilística para explorar como as mudanças nos parâmetros externos afetam processos de tomada de decisão complicados e incertos.

Esta ferramenta foi utilizada por DMs no Reino Unido para desenvolver uma solução robusta e resiliente para seu setor de energia, onde vários fatores externos, alguns dos quais estão fora do controle do governo do Reino Unido, deveriam ser analisados exaustivamente. Esses fatores incluem, por exemplo, mudanças nos preços do petróleo, custo de emissões de CO 2 e disponibilidade de água. Esses fatores são usados ​​para analisar como diferentes cenários futuros podem alterar a fonte de geração de eletricidade recomendada, juntamente com a possível utilização do calor rejeitado da condensação de vapor. A análise de decisão multicritério foi implementada no OUTDO com a intenção de manter o processo de decisão transparente e simplificar sua resolução.

O software Compendium (versão 1.5.2) foi usado como base para o desenvolvimento do OUTDO, pois é um aplicativo de código aberto em Java e possui uma comunidade de desenvolvimento ativa. OUTDO é o resultado de mais de 15 anos de pesquisa, primeiramente na Universidade de Edimburgo e depois na Universidade de Oxford em colaboração com a Universidade Oxford Brookes. O desenvolvimento inicial do OUTDO foi realizado por Skrzypczak (2007).

A combinação de Análise de Decisão Multicritério (MCDA, usada para tomar decisões que envolvem questões com vários critérios), captura da lógica da decisão ou gerenciamento racional (usado para registrar a lógica decisória) e Previsão Probabilística (usada para prever como os parâmetros podem variar no futuro) faz do OUTDO uma ferramenta apropriada para auxiliar a tomada de decisão complexa e de longo prazo, que leva em consideração a mudança nas variáveis ​​externas e envolve uma variedade de critérios conflitantes, decisões de interação e diferentes partes interessadas. Confira o uso detalhado dessa ferramenta de tomada de decisão em https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0167923612003594



PESQUISA ORIGINAL:


HUNT, Julian David; BAÑARES-ALCÁNTARA, René; HANBURY, David. A new integrated tool for complex decision making: Application to the UK energy sector. Decision Support Systems, v. 54, n. 3, p. 1427-1441, 2013.

Controle familiar e monitoramento de propriedade em uma estrutura de governança corporativa orientada à Stakeholders

(Sessão conduzida por Washington ,2019).

Nós que pesquisamos Processos Decisórios sabemos pela teoria da importância da Matriz de Decisão, mas vemos pouco dela na prática. Neste artigo além dessa oportunidade, temos a aplicação para uma situação complexa em um estudo de caso robusto, situado em regiões do Reino Unido.

A estrutura de Matriz de Decisão é incorporada em uma ferramenta integrada chamada OUTDO (Ferramenta da Universidade de Oxford para organização de decisões). O OUTDO integra a Análise de Decisão Multicritério (MCDA), representação e gerenciamento da lógica da decisão e previsão probabilística para explorar como as mudanças nos parâmetros externos afetam processos de tomada de decisão complicados e incertos.

Esta ferramenta foi utilizada por DMs no Reino Unido para desenvolver uma solução robusta e resiliente para seu setor de energia, onde vários fatores externos, alguns dos quais estão fora do controle do governo do Reino Unido, deveriam ser analisados exaustivamente. Esses fatores incluem, por exemplo, mudanças nos preços do petróleo, custo de emissões de CO 2 e disponibilidade de água. Esses fatores são usados ​​para analisar como diferentes cenários futuros podem alterar a fonte de geração de eletricidade recomendada, juntamente com a possível utilização do calor rejeitado da condensação de vapor. A análise de decisão multicritério foi implementada no OUTDO com a intenção de manter o processo de decisão transparente e simplificar sua resolução.

O software Compendium (versão 1.5.2) foi usado como base para o desenvolvimento do OUTDO, pois é um aplicativo de código aberto em Java e possui uma comunidade de desenvolvimento ativa. OUTDO é o resultado de mais de 15 anos de pesquisa, primeiramente na Universidade de Edimburgo e depois na Universidade de Oxford em colaboração com a Universidade Oxford Brookes. O desenvolvimento inicial do OUTDO foi realizado por Skrzypczak (2007).

A combinação de Análise de Decisão Multicritério (MCDA, usada para tomar decisões que envolvem questões com vários critérios), captura da lógica da decisão ou gerenciamento racional (usado para registrar a lógica decisória) e Previsão Probabilística (usada para prever como os parâmetros podem variar no futuro) faz do OUTDO uma ferramenta apropriada para auxiliar a tomada de decisão complexa e de longo prazo, que leva em consideração a mudança nas variáveis ​​externas e envolve uma variedade de critérios conflitantes, decisões de interação e diferentes partes interessadas. Confira o uso detalhado dessa ferramenta de tomada de decisão em https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0167923612003594



PESQUISA ORIGINAL:


HUNT, Julian David; BAÑARES-ALCÁNTARA, René; HANBURY, David. A new integrated tool for complex decision making: Application to the UK energy sector. Decision Support Systems, v. 54, n. 3, p. 1427-1441, 2013.

Avaliando o desempenho docente no ensino superior: uma estrutura para melhoria contínua

Os sistemas de ensino contam com avaliações periódicas do desempenho dos estudantes e da qualidade da educação. Mas, avaliar um componente que tem grande peso nos resultados educacionais – os professores – permanece como uma tarefa desafiadora. Acrescente-se o fato de que as transformações tecnológicas ocorridas no mundo e o movimento de globalização geraram mudanças também no ambiente educacional e nos métodos de ensino. Como os profissionais da educação têm se posicionado frente a esse novo cenário? Seu desempenho atende as expectativas dos estudantes e do mercado?


Na tentativa de responder a essas questões e mensurar de forma objetiva aspectos da subjetividade dos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, os autores do artigo apresentam uma experiência de avaliação do desempenho docente e da qualidade de 21 cursos de engenharia mecânica em universidades italianas, a partir do levantamento de informações junto aos seus estudantes.


O método de coleta de dados utilizado foi a aplicação de 889 questionários. O diferencial dos procedimentos metodológicos está nos métodos de análise empregados, combinando a Curva de Experiência ABC de pesos difusos e o Gráfico de Controle-U. Cada um foi utilizado para a obtenção de informações que pudessem balizar o processo decisório da gestão das universidades sobre pontos de melhoria dos cursos em curto, médio e longo prazos, como representado no esquema.


A Curva ABC foi empregada para a análise de longo prazo, e teve como objetivo a construção de um mapa de risco, indicando os cursos que estavam em pior ou melhor situação, orientando, assim, os esforços da gestão na busca de melhoria da qualidade. Já o Gráfico de Controle-U foi utilizado para fazer a avaliação do processo de ensino-aprendizagem em curto e médio prazos. Por meio dessa análise foram identificados os aspectos em conformidade e aqueles desviantes, permitindo a definição de etapas para as ações de correção do processo.


A análise feita com a utilização desses métodos possibilitou a classificação dos pontos de melhorias em função da urgência em que deveriam ser atacados, e abriu possibilidade para a aplicação de métodos com mais profundidade, para investigar porque os estudantes consideraram certos aspectos mais importantes que outros no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, os resultados forneceram informações úteis para a decisão sobre investimentos que possam melhorar os cursos e o desempenho dos professores.


PESQUISA ORIGINAL:


Assessing teaching performance in higher education: a framework for continuous improvement, Management Decision, Vol. 57 Issue: 2, pp.461-479.